segunda-feira, março 26

Nos passos que fundo na terra, oiço sussurros que me olham ( divertidos?)

Tenho no jardim arvore estranha ( sonhadora?).
dá frutos em forma de pássaro e é bizarra no falar ( não assobia escondida no vento, como todas as outras que falam,
gesticula com cores que esconde nos verdes e nas sombras...)

sexta-feira, março 23

Hoje ando a passear os pássaros,,,andam por aí sem trela a saborear o sol e os azuis ( divertidos-de-amar) ,
Ah, como é difícil segui-los no voar, entre as asas de uma andorinha…

quinta-feira, março 22

receituario para um esboço de sorriso

Pequei em sete folhas caídas ( sete!
com veias de rios secos. dormiam no chão, mortas de cansaço e de verdes
). triturei-as em pó (poeira d’arvore…
plátanos? castanheiros
?).
juntei água e moldei tudo, com vermelhos, amarelos e azuis (transparentes
de vazios), depois,,,depois larguei o molde no voar ( pássaro de mim,
colibri-do-mar
)

segunda-feira, março 19

abro a porta de uma noite, como quem desenha um eclipse

Canso-me de escrever o escuro ( na noite da alma), pinceladas ( sórdidas) de mim, como quem se estilhaça no eu, à procura de um fim…
Ah,
esta mania de levar nos passos a alma, vai acabar no abismo-profundo-do-silêncio, pendurado na solidão de um sonho que se perdeu dos azuis voláteis…

quarta-feira, março 14

Sentei-me na terra, escura de sombras e de espantalhos, resguardado na luz que escapa dos orifícios dos botões,

(olhos em madrepérola-púrpura alinhavados na estopa que lhe dá a face, com cordas de harpa)

Esqueço. (Tudo). Na memória-dos-sorrisos, como quem cheira o vento e parte ( sem sentir o perigo
do desnorte)
no sentido das estrelas que embalam ( num abraço
de morte)
os pássaros que esvoaçam nas vestes ( amarelo-trigo) de um palhaço de olhos tristes. Esqueço,,,tudo…e vou descobrir os cristais que desenham as lágrimas...

terça-feira, março 13

corro no vento de um sonho que se desenha em sépias, na desventura de reinventar a fronteira do abismo

e colori-lo nas sombras do abutre que paira suavemente belo nos silêncios do existir

Queria sentir ( na exaustão de mim) a intensidade do escuro, Mergulhar para além do negro e deixar-me deslizar ( qual rio) no eu que se transmuta na noite que proíbe a luz e o cio!

segunda-feira, março 12

as palavras choram em soluços, sem cor nem vontade. Pedaços de um nada que se engasgam na voz

as palavras,
têm silêncios de revolta.
as palavras,
estão presas em labirintos de aranha.
as palavras,
perdem-se submissas na multidão que lhes sangra os sentidos.
as palavras,
marulham como ondas num mar de vazios.
as palavras,
são terra arada num sol de sementes.
as palavras,
vão em passos perdidos do Um, em novelos de horizontes…

sexta-feira, março 9

Há abismos que nos empurram para a vertigem do renascer com a dor de quem suicida o olhar

Cavo ( fundo), com uma enxada que me pesa nos braços, a escuridão de uma cor envergonhada, como quem sepulta uma semente abandonada de destinos…

terça-feira, março 6

segunda-feira, março 5

Desenho com os passos que os olhos levam, a calçada que sobe ao Chiado, onde me perco no labirinto de mim, entre livros e memórias...

Subo, lento a calçada da cidade ( em retrato a preto e branco, granulado, com reflexos a Sol),
Arrasto comigo as pedras de calcário e, subo lento, envergonhado,
cego de gente que caminha a meu lado( em silêncios áridos, calcados),
vou lento de olhar vendado, nas asas da memória que voa entra as asas de uma pomba-gaivota... Com os olhos de basalto subo, ao alto a calçada, abraçado ao vento…

sexta-feira, março 2

...(III)

Procuro, na cidade, um espaço de luz e gaivotas. Escolho nos passos a sombra, o silêncio, para sentir o movimento, na pele...
(respiro,
como se mergulhasse na fantasia de existir)

quinta-feira, março 1

..(II)

Tacteio, cego
o teu rosto,
gravo a imagem,
pele com pele, Onda de vento que aquece um suspiro…

(Por vezes, só ás vezes, paro nas palavras, na escuridão do sentir para te deixar passar sem perfume e fico ( só ás vezes) a sonhar…
Por vezes estremeço, ou esqueço o que vi e volto a acordar ( recordar?) no olhar que já vivi,
Por vezes, só por vezes, esqueço-me de ti…)

porque a tranformação não tem nome, nem hora

Primeiro, pensei, com a sinceridade do instante que era o Fim, de um olhar, de um caminho, mas ( no final) o caminho não o tem, (Como um fio...