segunda-feira, janeiro 9

Há tanto tempo, que o sinto hoje

Conheci um  menino que desde que se soube passear no desenho, pintava flores. Todos os dias uma flor, cada qual com a sua cor, ( azul-sorriso, vermelho-rosea-de-fada-menina-envergonhada, verde-aventura, amarelo-de-sol-em dia-de-visita-de-abelhas, e tantas outras cores-só-dele, para as flores, só dele). Era como se desenhasse o seu caminho, para o não esquecer nunca e o marcar sempre com NOVIDADE!
Dia houve que não se conteve no grito e pintou um corvo. Negro-de-bico-amarelo.
E
todos se puseram a olhar o corvo e a tentar ver, naquela coisa escura-alada, uma flor.
Mas,
o que o menino tinha nos olhos era um corvo-negro-de-bico-amarelo, negro-da-cor-de-um-grito, muito longe se ser uma flor, que flor não grita, perfuma-se de cores-outras…
E
no entanto quer a flor, ou o corvo andaram lado a lado no existir dos olhos que os desenharam, mas cada qual com o seu nome ,
E
não fora, por o menino pintar um corvo, que o incomodava no grito, que desaprendera de pintar flores, mas o seu caminho, agora, provavelmente era outro…

4 comentários:

Fátima Santos disse...

mas como é que se passa por aqui e não se deixa um sorriso, uma festa, um olhar luminoso?! comentar é (quase) impossível - não se comenta a alma, não?!
mas pode sempre deixar-se uma pégada marcada na terra do jardim onde as flores crescem...

musalia disse...

mudam os sentires? ou recusamos o que antes escolheramos como primordial?
flores e corvo, aprendizagem constante.

almaro disse...

seilá: Querida F. quando escrevo, não pretendo provocar comentário algum, mas sentires e pensares. que, do que escrevo se parta à descoberta do sonho… seja abraçado em sorriso, ou lágrima o importante é que fique gravado em cada um que lê, a emoção de descobrir o desenho que se molda no sentir...

almaro disse...

Musalia: não Querida N. não mudam os sentires. não foi esse o desenho desta história. o desenho, desta, é um grito em silêncio contra o facto de apenas imaginarem que um fazedor de flores, só sabe ( ou só deve saber) fazer o desenho de flores e se distraírem quando ele grita em forma de corvo-negro ( à procura de lugares...)

porque a tranformação não tem nome, nem hora

Primeiro, pensei, com a sinceridade do instante que era o Fim, de um olhar, de um caminho, mas ( no final) o caminho não o tem, (Como um fio...