terça-feira, fevereiro 28

ainda os instantes...ou o que se soma, com eles...

pesam-me,
as linhas agarradas ao destino. teias sem cor que desenham angustias mascaradas de sorrisos. sombras…continuamente, sombras-afiadas, gumes-de-alma-ferida.
pesam-me,
os instantes contados ( re-contados e perdidos no nada, extinguidos sem tempos )…
pesa-me,
esta obrigação de os ver todos !
ah! como queria ser distraído e só os olhar (aos instantes) deformados no sonho, moldados na realidade do sentir…
mas,
aqui estou, (novamente, repetidamente) a olhar o vazio que me forja o eu, como se não soubesse já que o horizonte  só se vê quando o procuramos!
pesam-me,
estes espinhos-de-petalas-de-rosas-com-perfumes-de-sol, como se a fantasia me mentisse deliberadamente ( em gozo de palhaço a fazer horas extra de espantalho de searas ao vento sul), este falso existir..
ah! porque sou ( apenas ) um somatório  de instantes que não sei colorir?

quinta-feira, fevereiro 23

quarta-feira, fevereiro 22

jogos

Tenho os olhos cobertos de pólen-de-estrelas a inventar cores de menino-a-jogar-a-berlindes-o-destino-do-Universo

terça-feira, fevereiro 21

eles

deitam-se no chão,
um
e
outro,
indiferentes à “cópula do sol (*)” com o azul,
cegos no amor
que os devora no escuro…
fronteiras-de-pele que se tocam
no sal
( suor fecundo! )

(*)“cópula do sol”, imagem roubada ao Mestre José Gomes Ferreira in Poesias IV

segunda-feira, fevereiro 20

apontamentos sobre a morte

A morte é ( afinal? ) cousa simples…é uma caixa de memórias fechadas no escuro das cinzas-despidas, que deixam de caminhar no Ver…acontece ( a morte? ) quando deixamos de existir na memória…
( nossa, dos outros ou na memória-de-cada-grão-do-Universo-que-nos-pertenceu-no-Eu )



A morte entrou em monólogo de velas-navegantes com o vento e desenformou-se em algodão-de-nuvens-lilases…(cousa estranha esta, das letras se juntarem na palavra m-o-r-t-e , vezes várias no desfazer dos instantes que me vivem, como se não tivessem imaginação…)
( logo hoje que a solidão adormeceu cansada de tanta agitação!!! )



Curiosa esta nossa mania de guardarmos a morte dentro de uma caixa, como quem se quer iludir, capaz de a esconder-negra, no escuro de uma noite sem tempos…
( ah! Ilusão decrépita! Eu vejo-A claramente a espreitar por todas as flores-coloridas-pelo-sol! )

domingo, fevereiro 19

história sem titulo, porque as histórias não o têm...

pediram-me para contar história. qualquer. que sim que contava, prometi. é o meu gosto. por histórias. contar , mesmo que o contar seja todo da imaginação. histórias de nuvens ou outras, com forma qualquer. são no entanto minhas, porque caminham comigo, sempre na direcção do diante, mesmo que já vividas ou sonhadas. esta que vou desenhar, foi vivida com a intensidade de um olhar de descoberta. da descoberta do mais profundo dos sentires, aquele que contem em si todas as cores do olhar. começou com as flores, com uma flor (só depois com todas,
e
mais tarde com tudo
). o menino, esse da história, apaixonou-se por flor amarela
e
colheu-a, levou-a entre os lábios a sorver-lhe o sangue, no fim ficou sem saber o que fazer. tinha-a em si, mas perdera-lhe o olhar
e
ficou triste por ter o amarelo entre as mãos. em dia outro voltou a ver a sua flor na terra, amarela outra vez, linda a sorrir-lhe. já não a colheu
e
passou a falar com ela
e
ela passou a estar dentro da sua vida. assim aprendeu a amar.
e
assim passou a amar, flores, arvores, cães gatos, pedras, montanhas e rios…quis fazer o mesmo com as pessoas, mas desconseguiu . as pessoas queriam ser colhidas, queriam ser únicas em cada um. queriam ser posse
e
únicas, como se fosse possível amar
e
ter! para o menino, esse da história, amar era precisamente não ter, era deixar ser
e
ver. era esse o seu caminho. ser autentico
e
intenso para cada coisa que lhe cabia no olhar. intensidade era, para ele a palavra que mais se parecia com o amar. intensidade só se consegue sendo-se inteiro, porque só inteiro se consegue dar!…

sexta-feira, fevereiro 17

loucuras ( minhas? ou dos ventos?)

o vento finge os passos,
e
tatua-os nas nuvens
em sussurros de Chopim
( ) eu,
lhe vejo os laços, ( sangue-ferrugem )
da árvore-mocho
que me abraça
na noite-nua
em que me enlaço...

insinuações
ocas
perdidas no espaço…

( ah! são cada vez mais loucas,
as palavras que faço!)

quarta-feira, fevereiro 15

fantasias de quem passa de olhos na calçada

A cidade (grande), estava estranha, como se no súbito ficasse muda-nos-silêncios-dos-poetas…parecia um subterrâneo-de azuis-e-sois!

segunda-feira, fevereiro 13

pintar A flor que nos persegue no sentir

pintar uma flor é gesto de vida ( inteira? ),
cousa solene,
importante,
quase divina,
( feiticeira? )…
escolhe-se a cor,
o tom,
o odor,
e em traços leves,
suaves
em murmúrio dos ventos,
desenha-se,
( escreve-se? )
na pele-da-alma,
( o voo-das-aves? ),
só depois,
quando o amor,
nos acalma,
aguarelam-se
carícias,
matizes
( melodias?)
e
por fim
( quase um inicio…)
no fundo de mim,
( de ti? )
gravam-se
na terra-escura,
as raízes…

sexta-feira, fevereiro 10

no desfiar dos instantes

Tenho uma desmemoria de sombras que se transparecem em teias, no interior da alma. Casulos que se desenlaçam no sentir...sombras-borboleta, coloridas-de-sonho que se (des)nascem em desenhos de futuros…

quinta-feira, fevereiro 9

quarta-feira, fevereiro 8

terça-feira, fevereiro 7

folha-de-mim

Há uma palavra que me pesa,
UMA,
só…
A que me UNE e esvoaça em folha-morta-de-outono(s)
e
se resume
num (qualquer) eu ( meu)…
Pesa-me a cor,
a
forma,
informe
que se cola ao chão húmido-de-ventos,
varrido-por-caminhos,
espezinhados,
indiferentes ao UM,
que se despedaça de MIM…
Pesa-me uma palavra
só,
Lenta, como os respirares das flores, em noites de sombras-de-estrelas

segunda-feira, fevereiro 6

a estátua

moldei uma estátua, com todas as folhas-de-outono que vi no chão...
não é arvore!
sou eu!
inteiro!
pendurado-no-existir!

sexta-feira, fevereiro 3

cousas do Zé

Em local que não é importante referenciar, entre sorrisos e olhares graves, disse-se assim o dito “ se o Zé percebeu, todos já perceberam!” Ficou, o Zé, com a expressão facial de quem disse cousa assim, engasgada no sentir. Creio mesmo, ter engolido em seco, o dito.
Depois serenou, cheio de interrogações e vagabundagens entre os eus que o vivem, questionando, um a um, qual deles sofria de inépcia de vida, qual dos eus seria obtuso ao ponto de serem visíveis deformidades cognitivas. Não foi difícil chegar encontrá-lo e foi com um sorriso que o abraçou. Ali estava ele, tímido e escondido, quase envergonhado por quer saber sempre mais que o visto, porque entendia que para de lá de um gesto, de uma palavra, existiam cousas outras, por isso perguntava sempre, insistia sempre, para que o gesto ou a palavra transpirassem toda a mensagem, toda a cor e todo o desenho.
Que os outros percebessem antes do Zé, é cousa que não o incomoda ( sei-o eu que lhe sou intimo), porque o que o dito Zé faz com o que entendeu, ou deixou de entender ( antes ou depois de outros) é coisa só dele…

quinta-feira, fevereiro 2

sortes

ancorei barco-de-vela-só,
em nuvem-papoila,
que se desenformava em flor-de-pétala-caída,
procurei Nortes,
sentidos,
para esta vida,
morta de venturas,
e
Sortes!

quarta-feira, fevereiro 1

as cores do sol

O Sol acordou azul,
e
as nuvens, revoltadas, andam em recuada, a rirem-se divertidas com as cores do frio

porque a tranformação não tem nome, nem hora

Primeiro, pensei, com a sinceridade do instante que era o Fim, de um olhar, de um caminho, mas ( no final) o caminho não o tem, (Como um fio...