segunda-feira, abril 3

escaladas

Andei a escalar as memórias. (Há dias assim, que imobilizados no sentir, viajamos no espaço á procura de pequenos nadas que nos dêem sentido e cor aos dias em que nos sentimos difusos no existir...)
Dei com a descoberta dos dias em que passeávamos em família de carro ( vezes muitas apenas por aí, sem objectivos de chegada, apenas com a vontade de ir). Viajávamos o Ver (num Simca branco com uns faróis a imitar olhos em desorbita... ).
Oiço, quase nítido, a voz do Pai ( com a ansiedade toda de um instante que não se pode perder) dizer imperativo " Abram as Janelas!"
Aquele momento transformava-se num mundo mágico em que os cheiros de toda a serra ( árvores, terra, aves, formigas e coisas outras que tais) nos abraçavam a pele e os sentidos, à velocidade de um sorriso de uma família inteira a passear-se num velho carro com olhos esbugalhados...
Hoje, pergunto-me ( nesta inércia de dias que passam sem existir) porque não saíamos do carro e entravamos na serra, para nos deixarmos abraçar por ela própria ( sem a velocidade de um ir)?
Devia ser ( certamente o era) da pressa de chegarmos cedo a lugar nenhum ( cousas de vida moderna...)

3 comentários:

red hair disse...

Eu continuo a gostar de ir por aí sem destino e sem hora de chegada.

Ir por ir. Passear. Ver. Sentir. Cheirar. Desde que não seja eu a conduzir! Se conduzo não saboreio!

PS: Quando fizeres as mudanças avisa os amigos, sim? Beijo.

almaro disse...

mana: para que raio querias tu ver a matricula? deve andar por aí algures nos álbuns de fotografias ( lembro-me de uma ...o medicamento está a dar alguns efeitos inesperados ehehheh) no cabo espichel
, onde o velho Sinca ( o nosso curiosamente era Cinca ) também pousou para a posteridade, ( o medicamento miraculoso que me receitaste não dá no entanto para dizer com a certeza de um ex desmomorizado que o IC-... era deste velho Simca ou de um outro mais minorca (Mini-1000) onde fizemos a volta a Portugal em família e nos fomos descobrindo uns aos outros nas raízes de cada um...

almaro disse...

princesa moura: como gosto de ir...é quase um sentir mágico isto de "apenas ir", sem relógios e sem eu's...

ps: quanto ás mudanças....acredita que perdi todo o entusiasmo inicial

porque a tranformação não tem nome, nem hora

Primeiro, pensei, com a sinceridade do instante que era o Fim, de um olhar, de um caminho, mas ( no final) o caminho não o tem, (Como um fio...