quinta-feira, setembro 7

labirintos

no mar ( quando
se transforma em deserto)
e
te sentes ponto ínfimo,( qual
gota de onda
)
há um labirinto infindo
que te engole o olhar
fervilhando
dentro de ti…
Agiganta-se informe para te inquietar
(sem te ouvir
ou avisar, passa a ser estrela polar
que te leva
e
te guia)…

Não sentisses tu, esse labirinto
e
perdias-te
sozinho,
em ti...

Nota: Prometi, a mim mesmo e a quem (aqui e ali) me ouve que ia deixar de escrever sobre labirintos, mas a verdade é que o meu constante sentir de procura, inevitavelmente (con)funde-se num labirinto. Não é necessariamente angustiante, percorre-lo. Vezes há que ele se torna omnipresente, e essa omnipresença passa a guiar os teus passos. Nessas alturas, só há uma cousa a fazer, é aceitá-lo e divertires-te com ele. Descobri, nesta minha viagem, dois tipos de labirintos, os que não tem paredes e se tornam um enorme deserto, e os que se escondem em corredores sucessivos de muros. Ambos nos desorientam, ambos nos obrigam a mergulhar no mais profundo do nosso ser, para seguir caminho, tornando-se importantes porque nos obrigam a escolher sentidos.
Estar, ou Ser, num labirinto, torna-se uma constante inevitável da vida. Não é uma obsessão minha, muito menos uma tragédia. Aceitá-los passou a fazer parte do meu caminho para a serenidade.

3 comentários:

almaro disse...

Nani: não queria entrar em grandes filosofias em redor dos nossos próprios labirintos, por razões várias, mas sobretudo porque prefiro reagir a sentires que o acaso me trás, do que andar à procura de respostas, quando tenho a sensação clara que não há UMA resposta, mas que elas vão sendo verdadeiras, cada uma no seu momento próprio. Para além de já ter codificado dois tipos de labirintos, também dei conta que (certamente entre muitas) nos surgem com duas funções; de prisão e de defesa. A Natureza é perita em formas de ataque (prendendo, paralisando; logo, uma acção do exterior,,,agressiva,,,predadora) e em artes de defesa ( do interior). Tenho mergulhado ( e dissecado) na segunda categoria labirintica, porque andava equivocado, parecendo-me num primeiro olhar que os labirintos que me preenchiam o sentir e o pensar, eram agressivos ( pela angustia provocada e pela desorientação verificada). Percebi, quando tinha horizontes de mar por todo o lado, ao sabor do vento e das ondas, que eram eles que de alguma forma orientavam o meu ir, que me desenhavam os impulsos da procura e do caminhar. Sei há muito que somos Natureza e que esta no fundo no fundo se movimenta em complexos impulsos químicos ( Sentimentos de Si de António Damásio). O que me inquieta ( seja labirinto ou não), é como esses impulsos químicos se transformam em sentir, mas sobretudo como se transformam em INOVAÇÃO. Daí a ser ( no intimo de mim) fascinado pelo NOVO, pelo processo criativo, mas fundamentalmente são os afectos que me fascinam, porque continuo a creditar que existe algo para de lá do complexo labiríntico das sinapses .
E com isto perdi-me…
Eu sabia que não devia começar a filosofar, fizeste-me cair num labirinto e quase me esqueci do que te queria dizer e que provavelmente não tem nada a ver com isto, mas incorpora uma sensação que tive e que se resume no facto de ter percebido que a liberdade é pura ilusão e que tal como a felicidade apenas nos é permitida a sensação de o ser, em breves instantes do acaso. Se demasiado perseguida, violamos sem querer a dita fronteira entre labirintos ( do exterior e do interior), passando a ser uma obsessão que nos atrofia e prende,,, em vez de libertar. Aprendi, que tal como o Universo ( infinito) só na sua dimensão ínfima, ( vida) se torna grandioso e belo. O mesmo se passa com os sentires associados à liberdade e/ou felicidade,,,são no nosso caminho, pequenos nadas, mas que vividos na intensidade e na autenticidade, se tornam MARAVILHOSOS!
O melhor é ficar por aqui. Voltei a perder-me e afastar-me do ponto.
Afinal apenas queria dizer que gostei muito da imagem do pensamento ser seiva em movimento!!!!

Maria Alfacinha disse...

E eu que vinha com um comentário preparado mentalmente acabei por me perder na tua resposta à Nani.
Mas ainda me lembro que te queria dizer que já há uns tempos aprendi que as pessoas se "assustam" com labirintos e os conotam negativamente. Os meus labirintos também não são angustiantes, obsessivos ou trágicos. Apenas são...
Beijo filósofo para ti

Su disse...

quem se perdeu fui eu...em mim...lendo.te....caí no labirinto...
jocas maradas

porque a tranformação não tem nome, nem hora

Primeiro, pensei, com a sinceridade do instante que era o Fim, de um olhar, de um caminho, mas ( no final) o caminho não o tem, (Como um fio...